terça-feira, 31 de maio de 2011

TRES ANOS DE PARAPLEGIA


Na estrada vida. No silêncio da banda tocando. No meio da multidão perdida. No desabafo do cansaço. Em meio ao deserto. Quem disse não. Quem falou que sim. Não importa seja quem for ou o que foi. Todos estão aqui. Estou só. Não é nada. É tudo. Uma construção mal erguida. Uma ponte sem fim. Uma mulher bem amada. Um menino que chora. Um homem que implora. Uma família sem destino. Quem chega não quer sair. Quem sai não quer voltar. Quem tenta não consegue. Assim sou eu. Um menino homem que não sabe o que quer.  Mais que saber o que vive. Uma situação difícil, onde predomina a dor e o sufoco nada de tão difícil, mais que ainda pode ser revertida, não basta esperar, tem que saber que tudo é ser normal... Na minha condição somos todos iguais... Maio de 2008 marcou definitivamente a minha vida e mexeu com o psicológico de toda minha família. Maio de 21/2011. Três anos de sufoco, momentos de tristeza, momentos de alegria. Se eu dissesse que estou conformado com minha condição estaria mentindo, mais já estou bem consciente de que três anos já é uma boa resposta as perguntas feitas ao meu eu, em até pouco tempo atrás... Não posso me permitir cair em depressão, apesar de que muita gente achar, pelo motivo de eu só sair de casa em casos extremos, ora! Não me sinto bem em saber que ao meu redor, lá fora alguém não vai entender algumas particularidades de um paraplégico em relação à fisiologia... Sempre recebo visitas, estou viciado a internet... Não tenho muito do que reclamar... Tenho o maior de todos os bens... Minha mãe, meu pai, minhas irmãs, meus irmãos, meu filho e muitos sobrinhos... Todos perto de mim...

sábado, 30 de abril de 2011

A VOLTA


Está deitado, mexendo com dificuldade, os braços, a cabeça e os olhos. Pois é, não foi nada agradável. Sem urinar, sem defecar. Sem expectativas da volta. Der repente estando no banheiro escuto um, pum! Nossa que alegria! Foi algo inesperado. Não tínhamos experiência nenhuma com a vida de um paraplégico. A primeira vez que sentei na cama com a ajuda da fisioterapeuta foi algo muito bom. Fiquei zonzo. Quase desmaiei. Foi uma grande expectativa. Quando já em casa, estava só, no momento inventei de ir da cadeira para a cama, nossa, foi o maior susto. Deixei as pernas na cadeira e passei para a cama virei de costas, ufa. Que susto. Depois foi só risadas... meu primeiro banho sozinho, também foi muito esperançoso. E a vida segue...